Tremores são registrados em região das barragens em Minas Gerais


USP detectou abalos sísmicos que aconteceram antes do acidente em Mariana



Distrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG), depois do rompimento das barragens - Daniel Marenco / Agência O Globo

RIO - O Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP) registrou quatro tremores de terra antes do rompimento das barragens Fundão e Santarém, no município mineiro de Mariana. As magnitudes foram pequenas (entre 2.0 e 2.6 na escala richter). Não é possível estabelecer uma relação entre os sismos e o rompimento das barragens.
O primeiro abalo, de 2.4, foi registrado em Catas Altas, às 14h12m (horário de Brasília). O segundo e mais forte, de 2.6, aconteceu um minuto depois em Ouro Preto. Esse tremor foi a cinco quilômetros da barragem de Fundão. No entanto, os registros da Rede Sismográfica Brasileira, da qual a USP faz parte, apresentam uma imprecisão de 10 a 15 quilômetros em relação ao epicentro, devido a falta de densidade de estações na região.
Ouro Preto registrou outro abalo sísmico às 15h56m registrou outro tremor. O último abalo sísmico aconteceu em Barão dos Cocais. O rompimento das barragens ocorreu às 16h20m. As três cidades são próximas a Mariana.
Caminhão arrastado fica pendurado em um barranco no local do desastreFoto: Daniel Marenco / Agência O Globo



Tremores como os que foram registrados em Minas geralmente não causam danos e só são sentidos pela população que está próxima do epicentro.
Jackson Calhau, analista do Centro de Sismologia da USP, afirmou que tremores dessas magnitudes não são comuns ali na região de Mariana, embora sejam comuns no Brasil. Inclusive, os abalos sísmicos registrados em Minas foram os menores entre os mais recentes. Em Santa Rosa do Purus (AC), por exemplo, foi registrado um tremor de 4.5.
- A gente não consegue dizer se o tremor causou ou não causou (o rompimento das barragens). Para isso, tem que ser feito um estudo com uma equipe técnica, engenheiro, geólogos e sismólogos - afirmou Calhau. - Normalmente, um tremor dessa magnitude não seria suficente (para o acidente), mas não se pode afirmar que não teve a ver.
O tremor foi sentido pela população próxima às barragens, que ligaram para o Centro de Sismologia da USP avisando sobre a ocorrência.

O engenheiro civil Germano Silva Lopes, que coordena o plano de ações emergenciais na Samarco, disse que por volta das 14h desta quinta-feira foi sentido um tremor de terra e imediatamente uma equipe verificou a barragem de Fundão. Não foi constatado nenhum problema. Depois de certo tempo, começou a ruptura.
O Departamento Nacional de Produção Mineral, ligado ao Ministério de Minas e Energia, informou que enviou a Mariana um equipe com quatro especialistas para variar as causas do acidente e vai ouvir representantes da Samarco, empresa responsável pelas barragens. Um relatório preliminar deve ser publicado até amanhã.
Segundo a assessoria de imprensa do órgão, as barragens eram classificadas como de baixo risco, mas eram de dano potencial alto por conta da proximidade da população.
Diversas casas foram destruídas no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, após o rompimento de duas barragens com rejeitos de mineraçãoFoto: Douglas Magno / AFP

 

O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) antecipou o início da operação 24 horas de monitoramento contínuo do Sistema de Alerta da Bacia do Rio Doce, por conta do acidente. O início da operação estava previsto para o dia 23 de novembro, mas entrou em caráter de urgência para acompanhar a evolução da onda de cheias provocada pelo rompimento de barragens.
O sistema tem como objetivo alertar 15 municípios da bacia quanto ao risco de ocorrência de enchentes. Os municípios são: Ponte Nova, Nova Era, Antônio Dias, Coronel Fabriciano, Timóteo, Ipatinga, Governador Valadares, Tumiritinga, Resplendor, Galiléia, Conselheiro Pena e Aimorés no Estado de Minas Gerais; e Baixo Guandu, Colatina e Linhares no Estado do Espírito Santo.

NÚMERO DE DESABRIGADOS

A prefeitura confirma 530 desabrigados. Boa parte deles teve que ser resgatado. O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, sobrevoou a área junto com ministro da integração nacional, Gilberto Occhi, e depois visitou os desabrigados na arena. Pimentel disse que caberá à Justiça apurar a responsabilidade da empresa.
Último boletim divulgado pelo Hospital pelo Hospital Monsenhor, único da cidade, informa que 16 pessoas foram atendidas na unidade, sendo que 11 delas já receberam alta e outras quatro estão em observação. Até o momento foram registradas duas mortes.

Em nota, a Samarco afirmou que elas tinha as Licenças de Operação concedidas pela Superintendência Regional de Regularização Ambiental (SUPRAM) e que a última fiscalização, ocorrida em julho de 2015, indicou que as barragens encontravam-se em totais condições de segurança.

A Vale, como acionista da Samarco juntamente com a BHP, afirmou que lamenta o acidente. A empresa afirmou que, desde o acionamento imediato do plano emergencial da Samarco, vem oferecendo total apoio e assistência às equipes da empresa e autoridades locais que estão trabalhando na região.
"Gostaríamos de expressar nossa solidariedade a todos os atingidos por este lamentável acidente nas barragens de rejeitos da Samarco em Minas Gerais. Não mediremos esforços para prestar todo o apoio necessário à Samarco e às autoridades neste triste momento para os empregados, seus familiares e as comunidades vizinhas", declarou Murilo Ferreira, presidente da Vale.Fonte:O Globo


Fonte:O Globo

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