Quem ganhar vai assumir o lugar do polêmico Ivo Meirelles
Atolada em dívidas, com resultados modestos nos últimos carnavais e com um processo político recente bastante conturbado, a Mangueira escolhe neste domingo (27) o novo presidente, que vai dirigir os rumos da escola pelos próximos três anos. Três candidatos disputam o direito de comandar uma das escolas de samba mais tradicionais do Rio de Janeiro, mas que, nos últimos anos, esteve envolta em polêmicas e até mesmo no noticiário policial, sob a acusação de forte influência do tráfico de drogas na gestão verde e rosa.
Concorrem à presidência da escola que tem 17 títulos do Carnaval carioca o deputado estadual Chiquinho da Mangueira (PMDB-RJ), o ex-presidente da escola entre 2006 e 2009, Percival Pires, e Raymundo de Castro, baluarte da escola, que fundou a Associação de Moradores do Morro da Mangueira. As candidaturas apresentam, de forma geral, propostas parecidas. Todos falam em resgatar o “orgulho mangueirense”, e em implementar uma gestão profissional no Carnaval, fazendo com que a escola volte a disputar títulos. A reforma da quadra da escola, que se encontra em estado caótico, também é promessa de todos os candidatos.
Quem ganhar vai assumir o lugar do polêmico Ivo Meirelles, cuja administração é bastante contestada no meio mangueirense e rondou o noticiário policial. Meirelles assumiu a escola em 2009, depois de uma eleição bastante conturbada. Todos os candidatos desistiram de concorrer às vésperas do pleito, e Meirelles foi aclamado presidente.
No ano passado, uma sucessão de medidas judiciais e liminares na Justiça adiaram o processo eleitoral. Meirelles era candidato à reeleição, e alegou que homens armados ameaçavam a continuidade das eleições. A oposição acusou o presidente de cometer diversas irregularidades no processo eleitoral, e a Justiça interveio na escola, nomeando um novo presidente da comissão eleitoral. As eleições foram sendo postergadas por medidas na Justiça, e só foram remarcadas para 2013, após o Carnaval.
Em fevereiro, o juiz Ricardo Coronha Pinheiro, da 39ª Vara Criminal, determinou a quebra dos sigilos fiscal e bancário de 54 contas da Mangueira e outras seis de Meirelles. O magistrado acatou pedido do Ministério Público, que pediu investigação de suposto desvio de verba na escola. O MP apura também suposta associação para o tráfico de pelo menos 20 pessoas, entre as quais o atual presidente da Mangueira. Denúncia do final de 2010 apontava que líderes do tráfico de drogas da comunidade recebiam dinheiro da escola naquela época, e por isso, haviam determinado a ascensão de Meirelles ao poder da escola.
A Mangueira seguiu no noticiário policial com a suspeita de que três assassinatos ocorridos no início deste ano tinham ligação com a disputa de poder político dentro da escola. Ivo Meirelles chegou a prestar depoimento na Divisão de Homicídios da Polícia Civil.
Chiquinho desponta como favorito na disputa. Ele recebeu o apoio de mangueirenses famosos, como as cantoras Alcione e Rosemary, além do sambista Nélson Sargento. Raymundo de Castro corre por fora, sendo apoiado por outros mangueirenses ilustres, como Chininha, ex-presidente e filha de Dona Neuma. Já Percival Pires é considerado azarão, e conta com o apoio de Glória Regina Nogueira, filha de Dona Zica e Cartola.
Fonte:Terra